TOC - Marcelo Comparin

Falecimento, perda, luto e tristeza: como lidar? SEGUNDA PARTE

O que acontece se as fases do luto não forem vividas?

Seguir em frente: eis a atitude necessária para quem perdeu alguém muito querido, por mais difícil que possa parecer. Não existe outra alternativa, precisamos passar pelo processo de luto. Entretanto, algumas vezes o luto é mal compreendido e mal vivenciado por algumas pessoas, que, querendo demonstrar força ou normalidade, acabam por forçar uma “superação” no processo de perda. Infelizmente, esses casos não são tão raros e desencadeiam um processo patológico.

 

Com isso, uma pessoa enlutada de maneira não saudável desenvolve, inicialmente, uma recusa à dor, negando, de uma forma doentia, a morte do querido. Nesses casos, mais comuns em casos de morte inesperada, a pessoa simplesmente não admite que a morte aconteceu e age, no momento da crise inicial, como se o fato nunca tivesse sido noticiado. Para isso, a mesma se torna prisioneira do seu próprio cenário e desenvolve comportamentos que ignoram a partida do ente querido.

 

No processo do luto doentio, o indivíduo fala do falecido como se ainda estivesse vivo, não participa das exéquias e nem de processos que envolvam assuntos legais relacionados a ele, além de não fazer alterações em seus hábitos rotineiros. Por exemplo: não tirar de vista os objetos do falecido, como se ele ainda estivesse vivo e fosse usá-los depois de um dia corrido no trabalho.

 

Nesses casos, a intervenção terapêutica é de extrema importância, pois, se a negação doentia da morte permanecer, as consequências em um futuro próximo serão muito ruins. Ainda que o indivíduo não pense ser necessário e se sinta em total normalidade por não estar sentindo “nada” quanto à morte da pessoa querida, é necessário que algum familiar ou amigo conduza à situação o mais breve possível a um consultório psicológico.

 

Uma vez que a pessoa desenvolve um luto patológico, o processo passa a se arrastar de fase para fase, sem que se possa aplicar um Ciclo do Luto visto como adequado. Se não acompanhados por profissionais, os casos de luto crônico podem se perpetuar para um ciclo de luto sem fim, que podemos chamar de Ciclo Perpétuo de Dor.

 

Durante esse ciclo, mesmo em períodos após o período que sucede a notícia da morte, ocorre um abrupto processo de luto, com crises apesar de antes terem ocorrido poucas, ou, até mesmo, nenhuma manifestação de luto. Essas pessoas, se não devidamente acompanhadas por profissionais, podem ficar entregues a uma realidade interior vazia e doentia, mergulhadas em um oceano de melancolia e infelicidade.

Semana que vem, daremos continuidade a este artigo sobre luto.


Saiba mais sobre as psicopatologias aqui: https://marcelocomparin.com/sobre-as-psicopatologias/

Abraço,
Marcelo

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