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Dificuldade de aprendizagem? Conheça os principais problemas relacionados

Dificuldade de aprendizagem? Conheça os principais problemas relacionados

Há vários tipos de transtornos específicos de aprendizagem, que levam à dificuldade de aprendizagem e inúmeros são os fatores a eles relacionados. Os mais conhecidos são: o tdah, a dislexia, a disgrafia e a discalculia. Uma pessoa pode ter apenas um transtorno ou, até mesmo, uma combinação de dois ou mais. Além disso, existe uma escala de gravidade desses distúrbios, a qual é diagnosticada por um profissional experiente na área, que indicará o tratamento adequado para cada caso específico.

O que é a dificuldade de aprendizagem?

Primeiramente, é necessário compreender que os transtornos relacionados à dificuldade de aprendizagem não são sinônimos de baixa inteligência, ou, o famoso QI; mas sim uma configuração cerebral diferente, que torna o processo de aprendizagem diferente do comum. A dificuldade de aprendizagem é caracterizada como a dificuldade em compreender, processar, interpretar e armazenar informações novas ou complexas.

É importante destacar que há diferenças entre uma simples dificuldade de aprendizagem, a qual é passageira e geralmente causada por problemas socioemocionais ou orgânicos; e transtornos de aprendizagem específicos, que são condições neurológicas, cujos desafios acompanham o indivíduo ao longo de sua vida em áreas que abrangem todas as áreas da vida e podem ser contornadas ou não.

Com isso, pessoas que apresentam um ou mais quadros de distúrbios na aprendizagem podem apresentar dificuldades nas habilidades relacionadas à leitura, à fala, à escrita e à interpretação. Geralmente, desde tempos escolares, esse grupo possui dificuldades em provas, na leitura de textos em classe, na realização de trabalhos sob pressão e a maior dificuldade relatada é na matemática.

No Brasil, a língua portuguesa também é um calo para os alunos que possuem algum déficit, pois, assim como a matemática, exige bastante do aluno. Infelizmente, muitos desses estudantes se desanimam e acabam por achar que não são capazes de evoluir no âmbito escolar. Por isso, é necessário que os educadores, em parceria com a família, auxiliem a criança de maneira especial, visando o melhor desempenho escolar da mesma.

Como é a dificuldade de aprendizagem na infância?

Logo que se imagina uma criança com dificuldade de aprendizagem, vem em mente um pequeno que não consegue entender o que a professora está explicando na lousa, que embaralha as letras na mente, que não consegue memorizar os assuntos que serão cobrados na hora da prova ou, até mesmo, que não consegue ao menos fazer as lições de casa e acaba por ter resultados desastrosos na vida escolar. Entretanto, a dificuldade de aprendizagem na infância vai além disso e pode acarretar em diversos outros entraves na vida do jovem.

Usualmente, a dificuldade de aprendizagem na infância resulta em experiências que variam de criança para criança, mas, de modo quase que geral, não são tão agradáveis nem para a criança e nem para a família. Uma vez que uma criança com dificuldade de aprendizagem aprenda e se comporte de maneira diferente das demais, o ambiente da sala de aula se torna desafiador até mesmo para os educadores, que devem estar muito bem preparados para conduzir o cenário corretamente.

Contudo, a dificuldade de aprendizagem na infância vai além da sala de aula e afeta também as relações sociais do indivíduo, que pode acabar por sofrer bullying das demais crianças. Tal fato afeta ainda mais o desenvolvimento da pessoa na infância, pois ela se sente excluída e incapaz, o que pode acarretar em problemas ainda maiores, como depressão e ansiedade.

Assim, no consultório de psicologia são muitos os casos de crianças e adolescentes com autoestima baixa, evoluindo para abismos, graças à dificuldade de aprendizagem e de relação social com os demais indivíduos da mesma faixa etária.

Na maioria das vezes, estes jovens têm uma capacidade brilhante a ser desenvolvida; entretanto, ficam aprisionados nos métodos tradicionais de ensino, que, em geral, não atendem às suas necessidades e fazem com que os jovens nem ao menos acreditem que possuem bom potencial acadêmico e percam o interesse nos estudos.

Todavia, se cedo descoberto, os transtornos relacionados à dificuldade de aprendizagem podem ser tratados e solucionados, otimizando as performances escolares e as relações intersociais do indivíduo, proporcionando ao mesmo uma melhor qualidade de vida. Por isso, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor para o paciente.


Quais são as causas da dificuldade de aprendizagem?

Segundo a Mental Health Foundation, do Reino Unido, as dificuldades de aprendizagem podem ser causadas por uma variedade de fatores, podendo até mesmo ser uma combinação deles. De acordo com a organização, algumas vezes as causas são até mesmo desconhecidas, o que dificulta no processo de diagnóstico e tratamento do indivíduo. No entanto, há alguns fatores principais, que são os mais comuns entre as pessoas que apresentam algum quadro de dificuldade de aprendizagem. São eles:

  • Condições genéticas, repassadas pelos pais, que afetaram o cérebro ainda durante a sua formação, no período da gestação;
  • Anomalias cromossômicas, como na Síndrome de Turner ou na Síndrome de Down;
  • Complicações durante o parto, que resultaram na falta de oxigênio na região do cérebro;
  • Um nascimento prematuro;
  • Doenças maternas durante a gestação;
  • Contato com material de risco, como material radioativo;
  • O consumo de bebidas alcoólicas pela mãe durante a gestação;
  • Doença ou prejuízo adquirido ainda na primeira infância, através de acidentes ou abusos;
  • Negligência ou falta de estímulos cognitivos em fases iniciais da vida.

Além destes, que são relacionados aos transtornos, é válido notar os fatores da dificuldade de aprendizagem causada por agentes externos, que tende a ser passageira e pode ser resolvida com a solução dos problemas externos que afetam o indivíduo. Em geral, os principais fatores externos relacionados à dificuldade de aprendizagem passageira são:

  • Má alimentação;
  • Traumas;
  • Excesso do uso de telas;
  • Problemas familiares;
  • Desequilíbrio hormonal;
  • Ambiente desfavorável;
  • Questões emocionais.

Quais são os transtornos relacionados à dificuldade em aprender?

Segundo um estudo publicado pela revista científica Science em 2013 estimou que 10% da população apresenta algum transtorno relacionado à dificuldade de aprendizagem. De acordo com os pesquisadores, cientistas da Universidade College London (Reino Unido), esta parte da população tem um desenvolvimento atípico do cérebro e deve ser acompanhada com um suporte único e especializado, desenvolvido para sua única combinação de dificuldades.

Esses distúrbios são caracterizados como transtornos do neurodesenvolvimento, segundo o DSM-V e, como dito antes, apresentam graus e possíveis combinações.

O manual DSM-V classifica as condições em três categorias: transtorno com prejuízo na leitura (dislexia), transtorno com prejuízo na matemática (discalculia) e transtorno com prejuízo na escrita (disgrafia). Todavia, veremos adiante que há também um transtorno muito comum, o qual pode afetar o desenvolvimento da criança e, se não contornado, pode afetar seriamente a vida adulta do indivíduo.

Como saber se tenho discalculia?

Para uma boa parte da população, a matemática não era a matéria favorita na escola e as provas eram pesadelos, que desafiavam o intelecto do aluno ao máximo, a fim de obter a nota. Aliás, muitos sonhavam com o 10 em matemática e ficavam surpresos quando algum colega de turma alcançava tal nota, porque era como a maior nota máxima que se poderia obter.

Entretanto, para um discalcúlico, os desafios são bem maiores. Diferentemente das demais crianças, ele possui uma disfunção na maturação das áreas do cérebro necessárias para aprender matemática.

A fim de aprender a matemática, as partes do cérebro precisam estar íntegras e bem maturadas. Quando uma disfunção ou desordem ocorre no processo do desenvolvimento destas áreas no cérebro, o resultado é a discalculia, que compromete de 3 a 15% dos alunos do ensino fundamental, apontam estudos.

Os sinais que apontam para a discalculia são: dificuldade nas operações e cálculos numéricos, na compreensão dos conceitos matemáticos e resolução de operações mentais, na leitura e escrita dos símbolos matemáticos, na capacidade de comparar e enumerar coisas matematicamente, mesmo que sejam reais ou projetadas em desenho e também na capacidade de verbalização das quantidades matemáticas, símbolos, termos, entre outros.

Com isso, se você possui esse tipo de dificuldade com a matemática, vale a pena procurar ajuda, a fim de contornar o transtorno, se existente.

Como saber se tenho disgrafia?

Você gostava de caligrafia na escola e mandava bem cobrindo as linhas pontilhadas no caderno? Uma pessoa com disgrafia tem dificuldade em escrever e trabalhar com traçados, pois, assim como na discalculia, o cérebro dela apresenta uma má formação na parte responsável por esse tipo de coordenação motora exigido pela escrita e pelo traçado.

Por isso, ela tem dificuldade em copiar caligrafia, em cobrir linhas pontilhadas, traçar retas, segurar o lápis, trabalhar com recortes e em escrever com uma letra compreensível. Assim, a pessoa com disgrafia tende a ter uma autoestima baixa por se achar incapaz de realizar tarefas motoras simples do cotidiano.

Portanto, se você tem dificuldades notáveis para realizar tarefas que exijam uma capacidade psicomotora mais fina, é interessante realizar uma avaliação, para contornar o transtorno, se for existente.

Como saber se tenho dislexia?

Você aprendeu a falar tarde? Teve dificuldades no processo de alfabetização? Para você, as letras são códigos desafiadores a serem decifrados? Se sim, pode ser que você apresente algum grau de dislexia. Infelizmente, muitos disléxicos são mal compreendidos e acabam por se desinteressar na vida escolar desde cedo, acreditando não possuir capacidade para enfrentar suas dificuldades e seguir em frente com a vida acadêmica.

Geralmente rotulados pejorativamente como “burros”, os disléxicos são caracterizados pela dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.

De acordo com a International Dyslexia Association, normalmente essas dificuldades resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.

Por algum motivo que a ciência ainda não desvendou, o cérebro de uma pessoa com dislexia apresenta falhas na associação de sílabas e sons e tem dificuldade em encadear letras, a fim de formar palavras.

Por isso, o indivíduo disléxico passa a trocar a ordem das algumas letras ao ler e ao escrever. No entanto, apesar das dificuldades relacionadas à leitura e à escrita, os disléxicos costumam ir bem nas matérias ligadas às ciências exatas, como Albert Einstein, e nas expressões artísticas, como Vincent Van Gogh.

Apesar de não existir cura, a dislexia pode ser acompanhada por especialistas e tratada, quando descoberta. Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito ainda em idade escolar, mas, em casos mais leves, o transtorno pode ser descoberto em idade adulta.

Os principais sinais são: fala prejudicada, erros constantes de ortografia, pular ou inverter sílabas na leitura e na escrita, lentidão na leitura, problemas de orientação espacial (identificação de esquerda e direita), dificuldades para estudar, trocar letras, entre outros. Porém, como os demais transtornos, cada caso é único e deve ser investigado.

Como saber se tenho tdah?

Você tem dificuldade para se concentrar em uma ação específica por um longo período ou viaja na maionese quando alguém está falando por mais de 10 minutos seguidos? Quando criança você tinha dificuldades de integração com as demais crianças e não conseguia manter o foco durante as aulas, se perdendo nos olhares para uma borboleta linda que passava pelo lado de fora da janela? Você sente que não para quieto um minuto e que reproduz sons aleatórios do nada? Se a resposta for “sim”, muito provavelmente você tem tdah.

De acordo com especialistas do Hospital Israelita Albert Einstein, os sintomas mais comuns do TDAH podem ser: agressão, excitabilidade, hiperatividade, impulsividade, inquietação, irritabilidade ou falta de moderação, dificuldade de concentração, esquecimento ou falta de atenção, ansiedade, excitação ou raiva ou até mesmo depressão.

Ultimamente, este transtorno tem sido recorrente e o DSM-V o classifica de várias maneiras, que se dividem em duas: déficit de atenção e hiperatividade. Como existem vários tipos de tdah,variando de pessoa para pessoa, seu diagnóstico precisa ser bem elaborado. A sigla TDAH significa transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e afeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 4% da população adulta mundial e tende a aumentar.

Do mesmo modo, o tdah tem se tornado comum em crianças e adolescentes, apresentando um aumento de 66% dos casos nos últimos dez anos, segundo uma pesquisa feita nos Estados Unidos.

Uma pessoa com tdah pode ter uma das duas características predominantes: a falta de atenção ou a hiperatividade, segundo o DSM-V. Quando mais voltado à hiperatividade, o indivíduo tem dificuldade de se manter parado, mesmo depois de adulto.

Para ele, o movimentar-se passa como despercebido e a repetição de sons se torna recorrente e também perceptível apenas para as pessoas que estão ao seu redor, as quais ouvem o tdah falar até não aguentar mais; pois não adianta pedir para parar, porque eles esquecerão e serão vistos como inconvenientes, mesmo sem culpa.

Já quando voltado ao déficit de atenção, a concentração se torna um desafio. Para um indivíduo tdah com a característica predominante de falta de atenção, uma tarefa entediante que pode ser feita em dez minutos será realizada em mais de três horas.

Além disso, em meio a diálogos importantes, a pessoa tende a se perder em seus próprios pensamentos, não conseguindo nem ao menos compreender o que o outro está falando e perdendo, assim, informações importantes.

Portanto, se você se identifica com esses casos, procure uma avaliação com especialistas, para que, se o transtorno for existente, possa ser devidamente tratado.

Quais os tratamentos para esses transtornos?

Os tratamentos são diversos e variam de caso para caso. O ideal é que sejam feitos testes e avaliações, para diagnosticar corretamente cada transtorno. Todavia, para resultados progressivos, é imprescindível o acompanhamento profissional. É na terapia que são analisadas as dificuldades a serem sanadas pelo paciente e é o terapeuta que mostra a ele as melhores soluções, de maneira profissional.

Também, neste tempo, o terapeuta trabalha na mudança da forma de lidar com as situações do cotidiano do paciente, apresentando a ele novas possibilidades de pensar e agir. Dessa forma, o indivíduo terá um progresso visível em sua autoestima, sua autoconfiança e perceberá isso em seu cotidiano.

Além do terapeuta, que é uma peça chave no tratamento de tais distúrbios; uma equipe multidisciplinar, com profissionais especializados, é essencial para a plena evolução do paciente.

É importante, neste aspecto, o papel do psicopedagogo, que conduz a forma de aprendizagem voltada àquela pessoa; assim como o papel do fonoaudiólogo, que conduz o desenvolvimento da fala; do terapeuta ocupacional, que auxilia no processo de amadurecimento psicomotor do paciente; além do psiquiatra, que tem uma visão médica acerca do caso e auxilia em possíveis intervenções fármacas.

Vale ressaltar que, como cada caso é único, há pacientes que necessitam ou não de toda a equipe. No entanto, o certo é que todos precisam ser acompanhados por um psicoterapeuta; pois, é com este profissional que o paciente terá seu caso observado em particular, com o intuito de propor soluções rápidas e eficazes para o cotidiano e fazer com que o paciente perceba coisas que não eram antes por ele percebidas.

Sendo assim, se você desconfia que você ou alguém próximo sofre de algum transtorno específico de aprendizagem, não perca tempo e procure um psicólogo e você verá uma mudança significativa na sua vida e na dos que o rodeiam.

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