O que são “abordagens de psicoterapia?
Costumo receber no meu consultório para psicoterapia, demandas diversas e perfis de pacientes bem distintos. Naturalmente, existe muita dúvida sobre como funciona um processo psicoterapêutico. Uma das dúvidas que costumo responder com relativa frequência, é sobre a abordagem que faço uso.
Não porque sou perguntado diretamente sobre o tema, mas sim porque recebo a informação de que o possível paciente está pesquisando. Em se tratando de psicoterapia, uma relação muito íntima e sensível, qualquer pesquisa precisa ser feita com muita atenção. Por exemplo, o tema deste post… com qual abordagem se pretende trabalhar.
Existem algumas “abordagens” ou linhas de pensamento distintas. Todas tem suas forças e fraquesas, especialidades, indicações etc…
Posso citar a Comportamental Cognitiva e sua nova vertente (conheço colegas que usam) Terapia do Esquema, Gestalt, Psicanálise (a que faço uso como minha base). Dentro da própria psicanálise temos algumas subdivisões, que chamamos de autores, sendo o principal deles Sigmund Freud. Na história, Freud e seus seguidores foram “pensando diferente” e daí surgiram vertentes como a Psicanálise de Lacan, de Jung e por aí vai.
Não vou aqui buscar entrar em detalhes das outras abordagens que não seja a Psicanálise, nem entrar em profundidade nesta última, mas posso dar uma passada pela sua essência.
Em “Sobre o Psicólogo e a Psicoterapia” abordo tecnicamente sobre a abordagem que uso. Veja aqui
Trocando em miúdos, a Psicanálise considera que o sintoma é uma ramificação, um reflexo, de algo mais profundo e primário. O trauma. Esse trauma pode ser consciente ou inconsciente, pode ser sutil ou marcante, pode ser na infância ou não. Sempre existe uma causa para um reflexo sintomático como por exemplo, um modo de funcionamento ansioso.
Quando falamos de trauma, estamos considerando tudo aquilo que implica dor, especialmente psíquica no nosso caso, na vida pregressa. Para se ter uma ideia do que consideramos trauma, podemos voltar à nossa primeira experiância relevante. Nosso nascimento. Ele é traumático.
Saímos de um ambiente seguro, morninho, não precisamos comer, não precisamos fazer nossas necessidades evacuativas, não temos nenhum esforço para nos mantermos vivos. Não precisamos respirar.
Saímos para um ambiente gelado, onde a dor para respirar e a dor da fome nos fazem chorar, como um reflexo. Falam uma “língua” que não entendemos. “Cadê a mãe?” rs.
Isso só para conceituar a amplitude de trauma.
Na esteira da psicanálise, atualmente estamos trabalhando com o termo diâmica de funcionamento, para conseguirmos ajudar os pacientes a “funcionarem melhor” dentro da sua própria personalidade, temperamento e características específicas. Mas isso é tema para outro post.
Espero ter ajudado.
Abraço, Marcelo.