Borderline: o que é esse transtorno de personalidade e quando buscar por um psicólogo
O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por uma instabilidade nos padrões de comportamento, mudanças desequilibradas ou sem razão justificável de humor e sentimentos. As emoções das pessoas com borderline são perturbadoras para elas, que não conseguem regular sua raiva, necessidades, carência e desenvolver um senso de identidade.
Assim como outros transtornos de personalidade, os padecentes de borderline apresentam a ausência de padrão na forma de agir, dificultando a inserção deles nos grupos sociais.
O nome em inglês borderline pode ser traduzido como limite ou fronteira. É também chamado de Síndrome de Personalidade Limítrofe e considera-se que as pessoas que sofrem com a doença têm um comportamento na fronteira entre neuroses e psicoses.
No Brasil, o Setembro Amarelo é dedicado à prevenção do suicídio. Para indivíduos com borderline, o risco de suicídio é 40 vezes maior do que o resto da sociedade. E mais de 2 milhões de casos são registrados por ano no país.
A nível mundial, o transtorno está presente entre 1,5% a 3% da população. Pode afetar tanto homens quanto mulheres, embora as mulheres busquem mais por tratamento e, por isso, sejam maioria nos casos dos consultórios.
Quais os sintomas da Síndrome de Borderline?
Os sintomas principais das pessoas que sofrem com a Síndrome de Borderline são variações súbitas no humor e no comportamento, alterando a forma como se expressam. São alterações emocionais que duram poucas horas a alguns dias, como raiva descontrolada, medo do abandono, compulsividade, impulsividade ou ações irresponsáveis e descalculadas, autoimagem frágil, autosabotagem.
Os sintomas ficam mais aparentes na adolescência e no começo da vida adulta. Estão presentes também os sentimentos de insegurança, inutilidade, vazio, além de sintomas comportamentais como a ansiedade, automutilação e isolamento social.
Mas como esses sintomas se apresentam na prática? As pessoas com borderline possuem um medo de abandono constante e fazem de tudo para evitá-lo, associando a espera por alguém, por um e-mail ou telefonema com esse sentimento, o que gera ansiedade e episódios de explosão: sentem-se muito rejeitadas ou ficam com muita raiva.
As relações sociais são muito prejudicadas, pois os padecentes desse transtorno tendem a ir aos extremos com facilidade. Podem idealizar demais um parceiro ou amigo no início do relacionamento, mas ao menor sinal de conflito, podem ficar desiludidos e reagir com agressão, desvalorizando e punindo as pessoas com quem se relacionam.
Outro sintoma é a dificuldade no controle da raiva, de expressão verbal ou física, que podem dirigir-se a pessoas das famílias, pessoas queridas, colegas ou psicólogos com quem realizam tratamento. A irritabilidade pode gerar explosões agressivas. Após as explosões, é comum sentirem vergonha e deslocamento, enfraquecendo ainda mais sua autoimagem.
A identidade das pessoas com borderline é conflituosa, pois apresentam baixa autoestima e um constante sentimento de vazio. Por não firmarem um senso de personalidade, são voláteis nas escolhas da vida, de carreira, de opinião, de amigos. Ao mesmo tempo em que estão eufóricas numa atividade, podem logo depois apresentar tristeza, desinteresse.
A compulsividade é outro sintoma do borderline. Os pacientes podem descontar seu sofrimento na comida, compras ou sexo. Do mesmo modo, em episódios dissociativos, em que perdem a noção e controle de si mesmos, podem machucar-se (automutilação) ou adotar comportamentos imprudentes, como dirigir perigosamente.
Associado a todos esses sintomas, está a autosabotagem. Pessoas com borderline tem dificuldade de aceitar suas conquistas e por vezes desistem ou se autosabotam diante da proximidade de um objetivo. Deixam de fazer ou procrastinam uma atividade importante, largam cursos e faculdade na reta final, abandonam relacionamentos quando estão indo bem.
O borderline pode gerar uma dependência de outras pessoas, pois os indivíduos duvidam de sua capacidade de autoregular suas emoções e buscam no outro sua estabilidade. Por isso é importante buscar tratamento para que os pacientes vivam com autonomia e saúde mental.
Quais as causas do Borderline?
As causas para a Síndrome de Borderline podem variar, não existindo uma causa única comum. Tanto genética quanto situações de abuso (sexual ou psicológico) ou vivências em um ambiente conturbado podem ser propulsores da doença.
É recorrente que entre os pacientes diagnosticados com o transtorno, exista uma mistura de histórico desses abusos, situações de negligência vividas pelo indivíduo e predisposições genéticas.
Como é feito o diagnóstico?
É fundamental ter o diagnostico correto do borderline. Por ter sintomas que também são comuns a outros distúrbios emocionais ou psicoses, por vezes pode ser confundido com esquizofrenia, transtorno de bipolaridade ou outras doenças.
Se você identificou esses sintomas, busque por um psiquiatra e psicólogos que ajudem no diagnóstico correto, feito através do relato e observação do paciente ao longo do tratamento e não somente com base em sintomas observados superficialmente. Também podem ser requeridos exames de sangue para excluir a possibilidade de outras doenças.
Quais os tratamentos indicados e quando buscar ajuda de um psicólogo?
O tratamento com piscoterapia é fundamental para ajudar o paciente a lidar com os sintomas. As medicações podem ajudar, quando necessária, sempre que prescritas por um psiquiatra, e as internações só acontecem em casos com episódios muito graves.
Para pessoas que estão passando por uma crise ou conhecem alguém que está, existem atendimentos gratuitos para conversar com sigilo e segurança: os Centros de Valorização da Vida (CVV) prestam apoio emocional e de prevenção ao suicídio e realizam atendimentos 24h pelo telefone 188, por chat virtual e e-mail; o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo telefone 192 e as Unidades de Pronto Atendimento de cada cidade (UPA’s).
A boa notícia é que a Síndrome de Borderline tem tratamento, mas que requer ajuda profissional, força e autoamor do indivíduo para viver melhor e o suporte da família e amigos também corrobora. Então, ninguém precisa passar pelo sofrimento emocional na escuridão.